Autores com obras publicadas na Colecção Cow-boy

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

CWB0001. O vingador

(Coleção Cow-boy, nº 1) 

Esta história apresenta-nos um indivíduo duro com os punhos e hábil com os revólveres que retorna à cidade natal sem assumir a verdadeira identidade. 
A novela tem aspectos hilariantes dadas as fanfarronadas do seu "herói" que, apesar de tudo, era pessoa de bem. 
Raf G. Smith foi um autor que publicou grande parte da sua obra em Portugal através da APR. Na IBIS, não encontramos registo de qualquer livro. Na fonte mais comum, a Bruguera, há estatísticas de apenas um livro, o que indica que a sua ligação seria a uma editora concorrente. O seu estilo é um pouco o do fanfarrão que se gaba das suas habilidades e está sempre a "mandar vir". Apesar de tudo, alguns dos seus livros são interessantes. Este, por exemplo, tem uma finalização tipo novela policial e o herói rapidamente encontrou o assassino que procurava, lançando-lhe uma armadilha própria daqueles enigmas. 
A capa, de Longeron, sugere a grande caminhada a que montada e cavaleiro estiveram sujeitos e alguns precalços que tiveram de vencer, embora me pareça que não tem uma relação directa com a história.
Antes de vos proporcionar a leitura integral da obra, queiram apreciar esta passagem: 

Bill voltou-se para trás e ficou maravilhado. 
A uma janela assomavam os cabelos de mulher mais bonitos que algum dia vira. E, sob os cabelos, um rosto como nunca contemplara. 
Meteu o cavalo a par da janela. E levou a mão à aba do chapéu. 
- Boas tardes, menina! Chamo-me Bill Serven. E você? – como a jovem voltasse o rosto para outro lado, prosseguiu: - Não receie que nos persigam os índios. Mesmo nesse caso, estarei eu aqui para jogar a vida pela sua tão deslumbrante. 
A rapariga, que não passaria dos vinte e dois anos, cravou por um momento os olhos azuis nos do cavaleiro. Este continuou: 
- Nunca supus que alguma mulher pudesse arrancar um bocado do céu para o fechar debaixo das pálpebras. Os seus olhos brilham mais que o Sol. Em compensação os seus cabelos parecem raios do astro rei. Pode dizer-me se vem do céu? 
A jovem voltou-se para dentro do carro depois de correr a cortina…

CWB0002. Joe fugiu!


(Coleção Cow-boy, nº2)

Este Joe era um verdadeiro bandido. 
Para além de ladrão, maltratava a mulher e os filhos e um dia isso saiu-lhe caro pois ela denunciou-o e foi parar à prisão. Elaborou um plano para fugir e vingar-se, tentando utilizar o próprio filho que detinha grande admiração por ele. 
E. L. Retamosa traz-nos um excelente livro, isto é, um excelente pequeno livro ou melhor um excelente resumo de livro, o segundo da colecção Cow-boy. 
A capa, de Longeron, mostra um pormenor da fuga de Joe que, junto ao cavalo, de arma na mão, se dessedenta enquanto olha o horizonte.

CWB0003. Armas diabólicas

(Coleção Cow-boy, nº3) 

Nada a acrescentar... 
É um livro mais ou menos igual a todos os outros de Raf G. Smith: fanfarronadas, gente a morrer por tudo e por nada, suspeitos a rodarem em catadupa escondendo algum que parece o mais honesto da fita, uma jovem bonita apaixona-se pelo fanfarrão. 
Por vezes, descrições como esta: "Afogou uma maldição. O selvagem espectáculo não era para menos. Quatro cavaleiros mascarados, dos quais dois a pé, tinham atado os pulsos de Joyce à sela de um cavalo e os tornozelos a outro. A jovem estava estendida no chão, como um fardo, e os cavalos voltados de garupa para ela de maneira que, quando partissem em direcções opostas, desarticulariam horrivelmente o corpo da rapariga ao esticarem as cordas...". 
A capa, de Longeron, mostra o fanfarrão a manejar as armas diabólicas perante o terror de uma jovem que tinha pelo na venta.

CWB0004. Injusta acusação


(Coleção Cow-boy, nº 4)

Aqui fica mais um livrinho do incontornável Raf G. Smith, um autor que cultiva a fanfarronice policiária no ambiente do Far-West. Desta vez, nem se preocupa por pôr uma jovem a chicotear o seu apaixonado. Vejam só: 

Partiram meia hora depois. 
Não foi pequena a surpresa de Mike e Oliver ao encontrarem no local os filhos e a viúva do rancheiro... 
Já tinham o cadáver numa padiola e dispunham-se a levá-lo quando interveio o xerife.
- Vejo que pisaram os arredores apagando todos os possíveis rastos. Algum de vocês está empenhado em que não descubramos o assassino? 
A senhora Doren, a viúva, continuava a chorar em silêncio. Betty e Russel cravaram o olhar em Mike. 
- Não sabem quanto o lamento – disse este. – Ao descobrirmos, eu e Oliver, o corpo, fomos ao rancho para lhes comunicarmos a triste notícia, mas quase nos receberam a tiro. Já devem saber o que aconteceu depois. 
- Como também sei – respondeu Betty – que o papá te ameaçou ontem e que ordenou a anulação do nosso noivado; tu, como vingança, mataste-o cobardemente pelas costas. 
- Betty! Que tolice estás a dizer? – perguntou Mike, horrorizado. – Enlouqueceste? Quem te meteu essa ideia na cabeça? Como… 
Mike levou a mão à cara, onde acabava de estalar o chicote que sua noiva tinha na mão. 
- Canalha! Patife! Matem-no, rapazes! É um assassino…

Pois este fabuloso texto (e muito mais) pode ser encontrado no número 4 da Coleção Cow-boy que encontram já de seguida.

CWB0005. As cabeças de gesso

Coleção Cow-boy, nº 5 

Este livro narra a terrível vingança de um jovem cuja família foi destroçada por uma tribo do Equador e cujas cabeças foram cortadas e transformadas em caveiras cheias de areia. O jovem não descansou enquanto não encontrou quem tinha conduzido os familiares àquela armadilha e, utilizando o trabalho de um escultor, reproduziu uma situação horripilante com os responsáveis pela sua desgraça e conseguiu a sua confissão.
No final, uma jovem formosa acabou por o acompanhar para toda a vida.
Mais uma vez, Raf G. Smith traz-nos descrições terríveis sobre a crueldade humana no tratamento do seu semelhante e conduz-nos para acusar como criminosos os mais insuspeitos.

CWB0006. Comissário do ouro

(Coleção Cow-boy, nº 6)

Ser comissário do ouro não era tarefa fácil no velho Oeste, especialmente, pelas tentações que gerava. A juntar a isso, há que considerar a revolta daqueles que se indignavam com a expulsão das terras que ocupavam desde sempre e agora alguns pretendiam usar para descobrir o vil metal. 
O destino reuniu numa cidade mineira da Califórnia uma jovem, um pistoleiro e um homem indigitado como Comissário do Ouro. A jovem teve ação central na novela, resistindo a índios e estabelecendo-se por sua conta para levar a cabo a exploração. O pistoleiro era um homem que adorava animais, que teve intervenção num roubo com a condição de não ser cometido qualquer assassinato e que desejava fazer justiça. O indigitado comissário era um embusteiro que se aproveitava da função para roubar o resultado da labuta dos mineiros. 
E. L. Retamosa tem o registo de 20 livros em Portugal, tendo participado com vários títulos na fase inicial da Colecção Cow-boy. A capa, não assinada, mostra a resistência da jovem mineira a um ataque dos índios.
Mas este texto é interessante com passagens dignas de nota, como esta que nos mostra a ternura do pistoleiro por animais:

O cavalo avançou para a rapariga, junto da qual parou finalmente, com as orelhas afiladas numa posição de maravilhosa beleza.
- Donde vens, cavalito? Quem é o teu dono? – perguntou a jovem acariciando-lhe as crinas.
O animal relinchou e voltou-se deixando ver um papel que trazia preso na sela.

- Caramba – exclamou ela – Até parece que entendes inglês! Pergunto-te o que fazes aqui e mostras-me esse papel. Vejamos o que diz:
«Miss Reyer: você não me conhece e por isso desejo, antes de mais nada, apresentar-me: sou Dan Clever, um homem que vem de Montana e que pensava instalar-se aqui como mineiro. O acaso fez-me conhecer a sua situação, e, ao mesmo tempo, os criminosos propósitos de um grupo de mineiros que, com o auxílio do Comissário do Ouro, tentam desapossá-la da sua legítima propriedade.
Admitiria você a ajuda de um amigo? Não exijo nada em troca. Só pretendo estar junto de si, para demonstrar a esses patifes o perigoso que é às vezes atacar uma mulher sózina.
Ah! Apresento-lhe o meu cavalo. Chama-se “Amigo” e encarregou-se de levar-lhe esta minha proposta. Eu não me atrevi a apresentar-me pessoalmente para que não confundisse com um desses a quem deu merecida lição. Também me apraz comunicar-lhe que o tipo a quem “Duck” mordeu, segundo me contou o velho Leónidas, apareceu uma soberana tareia que lhe dei em sua honra.
Cumprimenta-a atentamente
Dan Clever.»

Ela releu a carta duas vezes, sorrindo sem saber exatamente porquê e acariciando, com a outra mão, as crinas do cavalo, que continuava a seu lado, direito e quieto como uma estátua. Também “Duck”, deitado aos pés da dona, continuava imóvel.
Doris dobrou o papel e olhou para o cavalo.
- Com que então chamas-te “Amigo”, hem? Bonito nome! Que te parece, “Duck”, aceitamos o auxílio que nos oferecem?
O cão abanou a cauda rapidamente.
- Bom, bom! Bem sei que começavas a aborrecer-te por estares sozinho. Mas não esqueçamos que se trata de um desconhecido… Se fosse como “Amigo” ou como tu! Com os animais não há perigo de traições e deslealdades… Mas com os homens! Bem os conheceis, amiguitos: são cruéis, manhosos, cobardes e deixam-se arrastar pelas mais vis paixões. Vocês, pelo contrário, são leais e pode a gente confiar completamente…
Ficou calada durante uns minutos.
- Embora que – disse de repente como se falasse consigo mesma – eu também começo a cansar-me de estar completamente só. Juntei uma verdadeira fortuna e não estaria bem que estes patifes se apoderassem dela. Se o teu dono – disse, acariciando o cavalo – se prontifica a auxiliar-me até que me vá embora daqui, aceitaremos a ajuda que me oferece, mas tem de ser com uma condição: considerar-se ao meu serviço e eu pagar-lhe-ei bem.
Escreveu rapidamente um bilhete que colocou no mesmo local em que Dan prendera o seu. Depois, acariciando o cavalo, disse:
- Já podes voltar para o teu dono, “Amigo”.
O animal relinchou e partiu disparado, como se compreendesse a pressa de Dan em receber as estupendas notícias que lhe levava.
Doris seguiu o cavalo com o olhar, enquanto no fundo do seu peito, algo batia mais intensamente que de costume…

terça-feira, 19 de novembro de 2024

CWB0007. Um novato no Texas

Apesar de texano, aquele homem tinha sido criado e educado no Leste (para onde tinha sido levado com um mês e meio de idade) onde gozava de todas as mordomias de um indivíduo abastado, apesar de muito jovem, tendo ficado noivo de uma menina do mesmo meio social. 
Um dia, foi informado que era herdeiro de um rancho com um valor superior a um milhão de dólares e que, uma das condições do testamento, era tomar posse do mesmo nas três semanas seguintes. Não se fez rogado e partiu para o Texas, acompanhado do massagista, do secretário e de volumosa bagagem. 
O que iria encontrar? como suportar o cheiro nauseabundo daquela gente? Retamosa consegue fazer-nos rir com todas as situações em que faz intervir o novato o qual acabou por adorar a vida naquela região semi-selvagem... 
A capa, não assinada, mostra-nos o novato, elegantemente vestido perante algumas figuras típicas do Oeste.

CWB0008. Sete contra um!


(Coleção Cow-boy, nº 8)

El Paso era um antro curioso. Uma das suas ruas estava aberta aos piores quadrilheiros e zaragateiros e era explorada por um conjunto de indivíduos sem escrúpulos. As outras, onde estes viviam com a população que se acobardava, era vedada àqueles quando se vinham divertir e deixar o dinheiro que sustentava os negócios. 
Os negociantes e financeiros estavam descontentes com o homem da lei que, entretanto, tinha transformado a cidade numa terra sem alma, ameaçando o desenrolar dos negócios. E trataram de procurar uma alternativa para ele. Mas, mais uma vez, escolheram mal e, apesar de conseguirem assassinar o xerife que tão bem servia a cidade, acabaram por ser desmascarados graças à ação daquele que, num primeiro momento, pensaram que o poderia substituir. É que, ele, quase sozinho, numa proporção de "sete contra um" investiu contra eles.
Esta é a primeira contribuição de Cesar Torre para a Coleção Cow-boy e nada tem de inferior em relação à dos outros autores já apresentados.

CWB0009. A tiro e a murro

(Colecção Cow-boy, nº 9). Texto indisponível 

É pena... 
Apesar de ter sido um fiel colecionador da Coleção Cow-boy e, mais tarde, da coleção 6Balas, nunca consegui adquirir este livro nem o consegui encontrar em alfarrabistas. 
Também não garanto que tenha sido publicado, o momento era de mudança na coleção de que tratamos: o formato ia ser modificado para metade do tamanho, o dobro de páginas e adição de 6 desenhos. Confesso que o título não me entusiasmou e por isso nunca fiz um verdadeiro esforço para a sua aquisição...

CWB0010. Terra sem lei

Coleção Cow-boy, nº 10 

Este foi o primeiro livro da Colecção Cow-boy no seu minúsculo formato embora com 64 páginas. 
E não podia começar melhor com uma história em que havia de tudo: exército, indios, bandidos, meninas, mexicanos e um problema muito grave relacionado com a escravatura de carne branca para abastecimento dos saloons. Duas das meninas reduzidas a essa condição não se deixaram ultrajar e foram chicoteadas e maltratadas pelo bandido-mor. 
Mas um médico militar, que chegou à cidade disfarçado de doente, acabou por fazer justiça e desencadear um processo que transformou aquela cidade num pasto de chamas após limpeza total. 
Cliff Bradley, mais uma vez, a mostrar a sua capacidade para tratar o Oeste num relato cheio de humanidade mas sem excluir a violência própria da região. 
A capa, não assinada, mostra o momento em que o médico militar, disfarçado de doente do Leste, é forçado a saltar perante os tiros que lhe são dirigidos aos pés por um facínora.